A eleição de 2024 em Palmares foi de fato um reflexo de estratégias políticas bem articuladas, com traços maquiavélicos, como estou destacando. O prefeito Júnior de Beto, reeleito com ampla vantagem sobre Eudo Magalhães, demonstrou habilidade em conduzir um processo eleitoral que, embora cercado de festas e paliativos, teve como principal alicerce movimentos estratégicos bem calculados.
Logo no início, a decisão de afastar o vice-prefeito Luciano foi um passo crucial para a consolidação do poder e a escolha de um parente de confiança como substituto reforça a ideia de um mandato voltado para a centralização do controle político. Esse movimento, ainda que polêmico, serviu como preparação para o que já parece ser o próximo passo: uma possível candidatura de Júnior a deputado, o que, caso concretizado, encurtará seu segundo mandato.
Outro ponto intrigante foi o desaparecimento de figuras que tiveram relevância na política local, como Altair Bezerra, Noé de Eno, Souza Filho e Alexandre Leão. A ausência deles no cenário eleitoral em 2024 levanta questionamentos sobre alianças rompidas, negociações silenciosas ou até mesmo desinteresse pela disputa.
Quanto a Eudo Júnior, sua performance eleitoral foi marcada por contradições e aparente desorganização. Apesar de ser um empresário com histórico de derrotas em eleições anteriores, esperava-se uma postura mais combativa. No entanto, ele não conseguiu formar um grupo coeso, não investiu adequadamente na divulgação de sua campanha e, segundo relatos, até seus apoiadores mais próximos renunciaram em momentos cruciais. Isso gera a pergunta inevitável: “A quem ele realmente serviu nesse processo?”
Essa disputa, portanto, vai muito além das urnas. Ela escancara dinâmicas políticas locais onde alianças, traições e interesses pessoais moldam os resultados. Resta saber como Palmares será conduzida nos próximos dois anos e como a eventual saída de Júnior de Beto para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa impactará a gestão e o cenário político local.
Por Normando Carvalho