A Mata Sul de Pernambuco segue enfrentando o descaso em relação às obras estruturadoras prometidas para combater as recorrentes enchentes. As barragens, anunciadas como solução definitiva pelo ex-governador Paulo Câmara após as cheias de 2010 e 2017, e reiteradas pela atual governadora Raquel Lyra, permanecem apenas no papel, enquanto a população lida com os impactos de promessas não cumpridas.
Histórico de Promessas Não Realizadas
Em 2010, após a devastadora enchente que afetou mais de 60 mil pessoas, o Governo de Pernambuco anunciou a construção de cinco grandes barragens: Gatos, Panelas II, Igarapeba, Barra de Guabiraba e Serra Azul. Dessas, apenas a barragem de Serro Azul foi concluída. As demais continuam inacabadas ou sequer saíram do planejamento.
Em 2023, a governadora Raquel Lyra renovou a promessa de priorizar essas obras, destacando a necessidade de “prevenção para salvar vidas e garantir desenvolvimento”. No entanto, em 2024, não houve avanço significativo nas construções, gerando frustração entre os moradores da região.
O Paliativo das PEs
Enquanto as barragens são deixadas de lado, o governo tem concentrado esforços em reparos paliativos nas rodovias estaduais, como as PE-60, PE-96 e PE-103, que frequentemente sofrem com crateras e buracos devido às chuvas.
Moradores e lideranças locais criticam a falta de foco nas barragens. “De que adianta arrumar a estrada se, na próxima cheia, tudo será destruído de novo? Precisamos de barragens para conter as águas e garantir a segurança das pessoas”, afirma um agricultor de Barreiros, uma das cidades mais afetadas.
Impactos das Cheias Sem Solução
A ausência das barragens agrava os impactos das enchentes, que continuam devastando a Mata Sul em anos de fortes chuvas. Segundo dados da Defesa Civil, mais de 12 mil famílias foram diretamente afetadas pelas cheias em 2024, com perdas materiais e danos irreversíveis às plantações e comércios.
Especialistas alertam que, sem as barragens, a região continuará vulnerável. “As obras estruturantes são fundamentais para evitar tragédias. Soluções paliativas, como reparos nas estradas, são apenas remendos que não protegem a população dos desastres futuros”, destaca um engenheiro civil.
A população da Mata Sul pede urgência e seriedade no compromisso com as barragens. Para muitos, elas representam a única forma de garantir segurança e estabilidade econômica em uma região historicamente negligenciada.
Enquanto isso, o ciclo de promessas e adiamentos persiste, deixando as cidades da Mata Sul vulneráveis às intempéries, à espera de uma gestão que transforme planos em ações concretas.